domingo, 28 de janeiro de 2007

Ocaso

E da janela
um último lembrar-te
candeeiro flamejante
de ruídos já esquecidos..
No asfalto
gélida gruta
de pensamentos velozes
por vezes atrozes mentiras
ou candidos sonhos
música fugídia
o som de teus passos
no mesmo compasso..
E em meus olhos
singelo desejo escondido
no véu de nossas indecisões.
Teu sorriso por testemunha
já na partida que se anuncia.
Um beijo
um aceno inocente
um ônibus que chega
uma partida
o ocaso
de uma despedida...

sábado, 27 de janeiro de 2007

Outono de minha'lma

Lá vem ela
doce
ao sabor do vento
cantando
sussurrando desejos.
Vem a passos
mansos
dançando
pousar em uma flor..
Mas flores não há.
Nós dois não seremos
mais
que folhas ao chão.
Desfolhamento de nossas emoções.
Folhas que o vento
espalha
neste outono de minha'lma.
Na brisa da manhã
canta a menina de teus olhos
música fugidia
como o tempo
nosso doce alento.
Lá já vai ela
de mãos entrelaçadas
com o seu destino menina
neste outono de minha doce triste alma.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Eu ladrão de mim

Acordo-me
e estou a roubar
sono sereno repousante da noite.
Levanto-me
e perco-me gesto inexistente
contemplação de existir.
Vejo-te
e roubo-me silêncio virginal
de não te conhecer.
Ao beijar-te
afano-me
imaculado direito de não
sentir o sabor de teus lábios.
Oh doce ventura
do gozo do não saber.
E ao te perder
Encontro-me
Eu ladrão de mim.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Retalhos



Feito poeta estrada
anjo caído
ando
a passos tortos
na fuga de mim
em escassas memórias
simples retalhos
dores do mundo.
Para encontrar-me
bêbado de meus sonhos
a cantar sagaz despedida
de alma minha:
terminando-me
começando-te.

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Não há caminhos
não vejo pedras
pedras são invenções
caminhos..tentações..
Beijo, abraço
um simples sorriso
na manhã molhada
de tua inocência.

domingo, 21 de janeiro de 2007

Infância perdida

Cavalgo por entre sonhos
de menino e
vejo a imensidão
do azul do mar,
pássaros fazem seu vôo
mas sinto me como peixe
entre anzóis e rede.
Tenho sede
não sede de água
mas de mundo
este mundo que desperta.
A noite foi curta
lagrimas caem
por sobre meus sonhos.
Corro, mas é corrida
de garoto
o mundo é feito de gotas
gotas de despedidas
gotas de desencontros.
A tarde cai
o silêncio canta
meu coração é o peso
de um manancial
já não tenho somente sede
mas fome
fome de ventos
de sonhos, de intentos;
de beijo
de esperança
e vejo então na menina de teus olhos
que já não sou
mais criança.