terça-feira, 6 de março de 2007

Dedilhando..ou Crônica de uma louca e muda paixão


É estranho o amor. Ele nasce das circunstâncias mais simples, inocentes e singelas da vida. Um dia estamos com alguns amigos em um lugar qualquer e surge uma garota, destas que fazem nossos olhos brilharem, tremerem nossas mãos, bater mais forte o coração. Uma garota diferente, especial. Ela sorri. Negros cabelos ao vento. Um meigo oi solto ao ar. Mas não há aproximação. O momento se perde. As atenções dela e de você mesmo estão voltadas para outras coisas, outras pessoas. O tempo passa.
Um dia você reencontra a garota e ela novamente te sorri. Você devolve o sorriso e parte, mas o sorriso permanece como lembrança, destas feito noite de lua cheia. Os dias, as semanas correm, em uma fria tarde de um domingo qualquer há uma chance de aproximação. Há um encontro. A garota sentada, mãos ao colo, olhar no asfalto, está a espera. Você chega, trocam palavras, riem, já não são mais estranhos. Após novos encontros, novas palavras, alguns telefonemas nos sábados a noite, alguns convites recusados, novos sorrisos, nasce uma amizade, um desejo contido. Nestes pequenos instantes juntos o mundo parece parar, nada mais importa. O nascer de uma paixão. Lábios desencontrados. Um beijo na face. Um abraço.
E o tempo passa, você percebe que ela é a garota perfeita, sua alma gêmea. Indecisão. Medo. Anseio. Expectativa. Infindáveis os sentimentos em ebulição. Sempre a espera do novo encontro, do novo olhar, do novo sorriso.Um dia vem a confissão, a decepção; a tão sonhada garota quer apenas a tua distante amizade.
Mas os dias passam, ela permanece como uma eterna lembrança de um amor não vivido, um beijo não dado, troca de olhares não amanhecidos. O amor fica aprisionado. Cadeado. Desprezado.Açoitado pelo destino infeliz. Há quem diga que não é o ódio o contrário do amor, mas a indiferença. No fim só o sussurro de um coração partido, a repousar entre lágrimas da eterna lembrança de um sorriso que não sorri por ti. E assim você aprende que não é possível amar sozinho. A fazer de amores sublimes poesias. A caminhar sozinho ao fim da tarde de um domingo cinzento, e o que importa é ficarmos bem no final.