quarta-feira, 27 de maio de 2009

Caso de Polícia



O carro parou lentamente na sinaleira da Olavo Moraes. A porta da direita foi aberta subitamente e pode-se ouvir, por alguns instantes, acordes estridentes de uma guitarra que ceifava com volúpia o ar, vindo do som interno. Duas pernas alvas, destacadas pelo levantar do vestido, um modelito vermelho, que revelava a silueta de um corpo bem formado de uma jovem de 19 anos se pôs para fora e removeu o ar a sua volta com graça e discrição. O sol das 13 horas castigava furiosamente o rosto de alguns transeuntes que circulavam pela praça Donário Lopes. O bater da porta fez –se ouvir juntamente com o voar de algumas pombas que se aventuravam entre os carros. A jovem mulher ainda acenou, levemente para dentro do gol azul metálico, que a trouxera até ali, ao pisar na calçada.
Antes do sinal voltar a ficar verde, como um crepitar selvagem ouviu-se o som de sirenes descendo contra mão a rua em perseguição a outro carro, um uno branco que rasgava o asfalto velozmente. Juntamente começou um ensurdecedor estampido de tiros a varar o ar. Ao se jogar com o carro a direita para escapar de ser engolido pelo carro que vinha em sua direção Daniel instintivamente voltou-se com a cabeça a procura de Laura, ao mesmo tempo que está emitia um grito de susto e dor e já caia na calçada manchando está de um vermelho escuro e viscoso.
O carro perseguido e as viaturas policiais adentraram praça adentro ferozmente enquanto Daniel corria ao encontro de sua jovem esposa que atingida no coração já não mais pertencia ao mundo dos vivos. Lagrimas desciam pelo rosto de seu amado esposo enquanto este beijava o rosto inerte e gritava um não de raiva e incompreensão. Uma pequena multidão já se aglomerava ao redor entre um misto de curiosidade e pavor de uma violência incompreendida.
Mais tarde enquanto familiares e amigos velavam o corpo da jovem Laura De Camargo o delegado Mattos foi de encontro a família prestar solidariedade e revelar que os dois fugitivos já estavam presos e que lamentava que a arma de um de seus policiais tivesse sido a causadora de tão terrível desgraça.