quinta-feira, 5 de abril de 2007

Flores e espinhos

O jardim estava ali. Bromélias, Crisântemos, Jasmins.Ele o sentiu como nunca. Cada minúscula partícula do seu cosmo. Palavra estranha esta, que ouvira certa vez em algum lugar de sua infância. Sabia o nome de todas as flores, aprendera ainda criança com mestre Deolindo. Era Abril, as cores em seus matizes o encantavam. O frio havia chego. As cigarras não mais cantavam e as borboletas estavam cada vez mais escassas. Apenas um suave silêncio quebrado suavemente pelo gotejar de uma delicada chuva e o bater de asas de um teimoso beija-flor enamorado por uma Tulipa.
No repente um gélido vento acariciou sua face. E no compasso deste momento seu coração batia acelerado; o que acontecera nos últimos instantes iria para sempre repercutir em sua vida. Ele sabia disso e agora lhe restava apenas incontáveis e borbulhantes pensamentos. Sentimentos a navegar vestidos de medo e indecisão por sua mente.
Antes que novos detalhes pousassem em seu caminho de detalhar o momento ouviu um seco som de passos se aproximando; gritos de comando, o engatilhar de armas e percebeu o cinza das fardas dos policiais a quebrar a harmonia do lugar. Compreendeu o fim de tudo, mas não ia reagir. Dava assim um fim aos seus sonhos de garoto e como nunca desejou um ultimo abraço de seu pai, a torta de morango de sua mãe, um beijo de namorada e o som de sua banda preferida no seu mp3; mas órfão aprendera a não navegar por mares tão distantes e percebia assim ao cruzar o abismo da fronteira do crime que até mesmo o conforto dos jornais nas calçadas seria um sonho distante.

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