sábado, 29 de agosto de 2009

Coito


Os ventos soprando
respingos d'alma
sabor de teus lábios
sussurrar do abrir
de tuas coxas
alva pele
onde jaz o resfolear
de desejos incontidos
creptar insano
mãos e sexo
negro altar
de manto teus cabelos
a ornamentar
tocar de dedos
na nudez de teus seios
o orvalhar feito suor
de corpos na busca
do êxtase galgado
ardente anseio
de um sofro
de inocência fulgidia
palpitar de corações
amor feito sacrifício
de uma paixão
em profusão
no final
o emudecer das vozes
adormecidas
sobre teu colo..

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Crepúsculo


No crepúsculo
as cruzes se cruzam
famigerados lobos
devoram as entranhas
da última virgem.
O negro sol abrasa
a última dor
derradeiro destino
de homens
feras e demônios.
Na ceia
o sangue infiel
o mundo todo
servido as crianças
folha de papel.

sábado, 22 de agosto de 2009

Madrugada




Fria e cheia de vida
cautelosa sem demora
um cenário escuro
entre o silêncio e murmúrio
nevoeiros e seus segredos
travam batalhas em seus desejos
calma agitada
terremotos e baladas
madrugada e sua marcas
ganham vidas ganham asas.
.
.
.
(do amigo poeta Fabio Eduardo Z. Fuhr)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Desencontro


Estranhos os desencontros.
Fotografias
dos nossos eus não vividos
vivicitudes
de nossas paixões não acontecidas
perdas em vida.
E de perdas
sabem os poetas
pois são não-poesias,
páginas não escritas
dor em profusão
não acontecida.
Desencontros são lágrimas
gotas em busca de seus oceanos.
Nascem no acaso
crescem nas lembranças
e desaparecem ainda crianças.
Um desencontro é sempre
um nascer que deixou
de acontecer.

sábado, 15 de agosto de 2009

Uma verdade inconfidente


Há no Brasil uma nova mania. Uma quase tendência. Vamos reescrever nossa história. Tudo que se disse sobre nosso passado até agora é mentira.Engano. Falcatrua. É estória. Filme B para enganar os bobos. É ficção para vender livros didáticos. E aquele tal Pedro Álvares Cabral, que aprendemos o nome ainda na infância com nossa saudosa professora, não foi nenhum descobridor. Nossos coirmãos portugueses não são heróis desbravadores, mas mercenários sanguessugas que vieram até estas terras para saquear e roubar suas riquezas.
E após está mentira desfeita há mais um rosário de outras mentiras que precisam ser reveladas. E um a um de nossos heróis vão morrendo, junto de seus feitos. E nossos amigos reveladores da verdade são implacáveis em fazer justiça. Tiradentes, Dom Pedro I, Bento Gonçalves e por ai vai caindo uma série de outros ícones históricos, deixando de ser exemplo de bravura, lealdade e justiça perante os olhos de nossas crianças do século XXI. Acabou o romantismo histórico. Tudo é uma grande farsa.
Por favor senhores não me reveleis está verdade de vocês. Que feche-se os meus olhos, silenciem-se os meus ouvidos. Não manchem minhas ilusões. Eu necessito de heróis. O povo é carente de mitos. Sejamos como os gregos, que souberam criar os seus Ulisses, Aquiles, Heitor. Fazendo de sanguinários soldados, seus heróis, seus mitos. Tenhamos sua fé, pois eles acreditam. E ninguém vai dentre eles querer revelar a face da mesquinhes humana de cada um. Há uma necessidade de crer em atos heróicos. Um povo sem mitos é um povo sem imaginação, sem romantismo. Sem lideres.
Devolvam-nos nossa ingenuidade histórica. Deixem-me sonhar com o grito do Ipiranga, com a princesa abolicionista, com heróis farrapos e presidentes populistas. A arte de se contar um estória é romancia-la e transforma-la em ato histórico. Isso engrandece a alma. Da exemplos. Traz virtudes. E transforma a existência humana mais agradável.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Despedida


Pairam palavras no ar
invocadas para seduzir..
beijadas num doce penar
de uma despedida por vir..
.
Quisera em derradeiro momento
ter você musa a muito já eleita
sempre a deixar minha'lma em tormento
nesta triste sina já feita.
.
No acordar desta manhã cinzenta
vagam frias recordações
de um olhar negro, que não se apresenta.
.
Jaz aqui neste tênue chorar
simples palavras de inspirações
de um nobre coração sempre a te amar.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Sobre amor...


Ando na procura
neste mundo loucura
de um amor
amigo
amor manso
amor que não cansa
ou
amor velocidade
que não se perde com a idade.
Num simples olhar
na maresia
deste mundo poeira
ando a procura
não amor inexato
fogo, simples paixão
vazio, doce ilusão
doido, afoito
sexo sem nexo
amor objeto.
Mas encontro
de sonhos
duelo de almas
beijo molhado
em perfumes de madrugadas de desejos.
Desejos de teu olhar
de um sorriso
voz de teus sonhos.
E nesta inquietude
do tempo
faço-me voo
na conta de amar
alguém
sem ter que esperar.