sábado, 3 de outubro de 2009

Primeiro minuto


José acorda. O despertador ainda não tocou. Os ponteiros do relógio, prontos para engolir o tempo, marcam 6:14. Resta um minuto. José pensa na vida. Entre o cansaço do dia anterior e seus sonhos, sorri.
Agarra-se a este último tesouro como a matar uma sede sôfrega, do último golo de água do cantil da vida. Fecha os olhos e respira profundo, O coração entre um arfar de desejos inconclusos. Ele sabe que terá um longo dia pela frente. O frio da manhã invadirá seus passos, mas ele seguirá em frente. Aguentará ônibus, trabalho, chefe, trabalho, ônibus.
Porque José tem sonhos ele não fraquejara. Eles são maiores que sua rotina. E após o café ele sairá pela porta a apreciar o primo canto dos pássaros. Com passos rápidos para não perder o ônibus dará bom dia a seu Manoel, que deverá estar a abrir a quitanda. Enticará com Joana, a lavadeira baiana que sempre entre um sorriso e uma prosa segue a vida apressada.
E com braços cansados retornará a noite pelas mesmas ruas. E ao abrir o portão a porta se abrirá e Maria atirar-se-á ao seu pescoço e lhe dará um boa noite, cheio de saudades. E assim, porque o amor não deixa a vida esfriar José sorrirá e estará preparado para o dia seguinte.
O relógio toca. José sorri e levanta-se. Começou o dia.

Um comentário:

Cristiano Contreiras disse...

MEU CARO, VOCÊ PROPÕE UM UNIVERSO ÚNICO NA NOVA LITERATURA! ABS E TE SIGO!