terça-feira, 11 de maio de 2010

O homem amarelo - 3º Parte

A solidão que preenchia o vazio ao seu redor não havia sido uma criação tardia em sua vida. Ela já se manifestara em sua infância solitária, em que se distraía entre livros, sonhos e folhas de papel.
Dos livros devorados, na ânsia infantil por aventuras e companhia, retirava idéias para a criação de seus amigos imaginários, com os quais depois percorria os campos reais em busca de histórias e aventuras.
O sonho da noite teimava em transmutar-se a sua volta, entre a cor cinza do asfalto e os escuros semblantes dos transeuntes a percorrer calçadas insensíveis e carregar sacolas coloridas, que talvez levassem mais que simples objetos da moda, mas o suor e o tempo de vida desperdiçadas de moços e moças que aprenderam a correr em busca de um consumismo vampiresco de vidas e liberdades.
Seus pensamentos melancólicos não transparecidos lhe davam um ar de serenidade e ternura. Já um senhor de idade modesta era tido como uma autoridade respeitável e muitos amigos, e por vezes estranhos, vinham ao seu encontro em busca de conselhos ou simplesmente lhe fazer companhia em ínfimas horas que ele os permitia.
Indagado certo dia pelo presente o qual gostaria de receber em seu aniversário, pediu um chapéu e uma bengala. Queria voltar no tempo, quando estes artigos eram parte do vestuário de senhores burgueses solícitos em suas vidas banais.
As cores e os matizes anunciando o inicio do entardecer punham o homem amarelo a retornar para casa.
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................................................. (continua...)

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