terça-feira, 11 de maio de 2010

O homem amarelo - 3º Parte

A solidão que preenchia o vazio ao seu redor não havia sido uma criação tardia em sua vida. Ela já se manifestara em sua infância solitária, em que se distraía entre livros, sonhos e folhas de papel.
Dos livros devorados, na ânsia infantil por aventuras e companhia, retirava idéias para a criação de seus amigos imaginários, com os quais depois percorria os campos reais em busca de histórias e aventuras.
O sonho da noite teimava em transmutar-se a sua volta, entre a cor cinza do asfalto e os escuros semblantes dos transeuntes a percorrer calçadas insensíveis e carregar sacolas coloridas, que talvez levassem mais que simples objetos da moda, mas o suor e o tempo de vida desperdiçadas de moços e moças que aprenderam a correr em busca de um consumismo vampiresco de vidas e liberdades.
Seus pensamentos melancólicos não transparecidos lhe davam um ar de serenidade e ternura. Já um senhor de idade modesta era tido como uma autoridade respeitável e muitos amigos, e por vezes estranhos, vinham ao seu encontro em busca de conselhos ou simplesmente lhe fazer companhia em ínfimas horas que ele os permitia.
Indagado certo dia pelo presente o qual gostaria de receber em seu aniversário, pediu um chapéu e uma bengala. Queria voltar no tempo, quando estes artigos eram parte do vestuário de senhores burgueses solícitos em suas vidas banais.
As cores e os matizes anunciando o inicio do entardecer punham o homem amarelo a retornar para casa.
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sábado, 8 de maio de 2010

Primeira vez na ZH



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Página ZH
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Alçando vôos mais longínquos, o poema "Outono de minh'alma" foi publicado na coluna Almanaque Gaúcho do dia 07/04/2010. Fiquei muito contente. Obrigado a ZH.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Os desafios da Biblioteca na nova escola

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Alçando vôos em outras paragens:
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Texto publicado no site do amigo Roger Tavares:
http://www.portuguesepoesia.com/?page=cronica

terça-feira, 27 de abril de 2010

Incivilidade, ou inconveniência nossa de cada dia


O ser humano me impressiona. Nossas atitudes são de um egoísmo incompreensível e destoa no reino animal. E a partir desta análise tenho alguns fatos a narrar e vários pontos a questionar.
Tenho um vizinho. Bom até ai tudo normal. Vizinho é aquela figura a qual estamos ligados por determinação geográfica e casualidade do destino e com o qual precisamos conviver o melhor possível. E não adianta dizer que ele não nos diz respeito, porque hora vem hora vai e nos deparamos com ele invadindo a nossa vida.
Pois bem, meu vizinho é destes: impossível de não notar, afinal ele tem um carro com um potente som e costumeiramente preciso agüentar o alto “Tum-tum-tum” de gosto duvidoso, de suas potentes caixas amplificadas.
Será que não passa na cabeça do indivíduo ao gostar de ouvir música alta, que seus vizinhos têm o direito ao silêncio?
Outro fato. Tinha outros vizinhos. Eles se mudaram há alguns dias. Nada estranho se ao fazerem a mudança não tivessem despejado quilos de lixo na rua, em uma esquina de terreno baldio. Aqui também analiso a falta de senso comum a que esta fadado alguns seres humanos. O que leva alguém a despejar lixo descompromissadamente em via pública? E a questão do lixo em nossa cidade é uma questão séria. E não adianta cobrar do governo municipal, pois vejo o pessoal da prefeitura vir limpar as ruas do meu bairro em um dia e no outro novos entulhos serem jogados nos mesmos lugares. É triste. É deprimente. É preciso uma mudança de consciência coletiva.
E o que dizer da cachorrada que invade a nossa cidade? Aqui no bairro passo o dia ouvindo o latido dos animais presos em seus pátios ou a andar vagando pelas ruas. Mas bem, isto daria outra crônica.
Sei que a convivência humana seria melhor se as pessoas fossem menos egoístas e soubessem respeitar o espaço do outro. Não é cabível que invadamos o espaço alheio com o nosso lixo, sejam eles dejetos sólidos ou ondas sonoras.
Portanto vamos nos conscientizar que a nossa liberdade termina onde a do próximo começa.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Camaquã


Percorro curvas tuas
nuas
embalado pelo êxtase
de teus cheiros
febril amanhecer
doce morrer
queimando entre tua história
aguerrida.
Beijo-te
musa poética
de viver primaveril
na calmaria de tuas quimeras
cidade tão bela..
Dos amores vividos
em tuas praças
das ilusões perdidas
entre tuas esquinas
és tu Camaquã
minha sempre querida.
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/ Homenagem aos 146 anos de Camaquã, minha cidade querida. /

terça-feira, 13 de abril de 2010

Omissão


Se palavras não disse
gestos não fiz
em meu silêncio
te contemplei.
Desvairadas horas
de emudecer abismo
menina-anjo-mulher
simples primavera
flor ao campo
regada
por teu sorriso.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O homem amarelo - 2º Parte

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Os primeiros sons da manhã a acariciar-lhe os ouvidos vinham encontrar seus pensamentos ainda sonolentos. Gestos automáticos conduziam- no tranquilamente na rotina matinal. As cores já não mais se distinguiam.
Ligar o rádio, Colocar a chaleira no fogo. Pegar o jornal em frente a casa para passar os olhos pelas manchetes do dia. Sentar na cabeceira da mesa. Roer um ou dois pães. Pegar seu material de trabalho. Abrir a porta e partir.
A intromissão do mundo em sua realidade difusa era uma violência que sempre o manteve ausente de qualquer esperança a paz e harmonia.
As vozes na rua invadiam a muralha criada. O homem amarelo despia-se de seu silêncio e permitia-se atuar no palco cinza de um mundo tão alheio aos seus dramas, as suas angústias, aos seus sonhos não amanhecidos.
O homem amarelo seguia em frente.
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....................................................... continua...